domingo, 18 de abril de 2010

Viemos comunicar-lhe ou Vimos comunicar-lhe?

Na norma-padrão, viemos indica ação passada; vimos, ação presente. Ex.: Ontem viemos aqui para felicitar o tenista brasileiro Gustavo Kuerten, o Guga, mas não o encontramos; por isso vimos hoje novamente.

Por isso, na tradicional introdução de ofícios, cartas comerciais, e-mails corporativos, enfim, em situação formal de comunicação, empregue: Vimos comunicar-lhe que...

Nesse caso, a bem da verdade, pode-se até dispensar o uso de vimos e iniciar-se a carta ou ofício de forma direta, como recomenda a comunicação moderna: Comunicamos-lhe... Informamos-lhes...

Uma última observação: evite, nesses textos, o emprego da expressão por meio desta ou por meio deste. Ora, toda comunicação é feita por meio de algo, seja este papel, telefone, etc. Trata-se, pois, de expressão óbvia e, consequentemente, desnecessária.



quinta-feira, 1 de abril de 2010

Este, esse, aquele e variações: quando empregá-los?


Usamos esses pronomes em três situações principais: para situar as pessoas ou objetos no espaço, no tempo ou no discurso.

No espaço: em referência ao que está perto da pessoa que fala (eu/nós). Ex.:

(i) Este jornal que tenho nas mãos é o Jornal do Brasil.
(ii) Esta camisa que estou vestindo foi presente da atriz Cláudia Raia.
(iii) Isto que comprei foi pago à vista.

Em referência ao lugar onde o falante (eu/nós) está ou àquilo que o abrange fisicamente. Ex.:

(i) Este apartamento onde moro fica em Belo Horizonte.
(ii) Depois de mais um massacre de trabalhadores sem-terra, só posso dizer como o cantor Renato Russo: “Que país é este?”.

Esse, essa, isso serão empregados em referência ao que está perto da pessoa com quem se fala (tu/você/vós/vocês). Ex.:

(i) Essa camisa que você vestiu é do Atlético Mineiro?
(ii) Essa cidade onde você mora, leitor, fica a quantos quilômetros de Belo Horizonte?

Ainda para apontar as pessoas ou objetos no espaço, temos o pronome aquele, empregado em referência ao que está longe da primeira pessoa (eu/nós) e da segunda (tu/você/vós/vocês), mas perto da terceira (ele/ela/eles/elas). Imagine uma situação em que eu (1ª. pessoa) e você (2ª. pessoa) estamos conversando sobre uma terceira (ele), o cronista Luís Fernando Veríssimo. De repente ele passa perto de nós, e eu me dirijo a você:
- Olhe, aquele ali é o Veríssimo, autor de O analista de Bagé.

Em referência ao tempo, este, esta, isto indicam o tempo presente; esse, essa, isso, passado próximo; e aquele, aquela, aquilo, passado distante. Ex.:

(i) Nesta semana vou ao cinema.
(ii) Nessa semana que passou, não assisti a nenhum filme.
(iii) Naquela semana do feriado, fomos ao cinema em quase todos os dias.

Finalmente, no discurso, usaremos os pronomes este, esta, isto para nos referirmos ao que vai ser citado à frente no texto; esse, essa, isso, ao que já foi mencionado antes; e aquele, aquela, aquilo, para uma situação em que nos referimos a dois seres ou objetos, para o primeiro dos quais – o mais distante – empregaremos aquele; para o segundo, este. Ex.:


(i) Este é um dos pensamentos mais belos de Cristo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 39).
(ii) Esse pensamento, se fosse seguido na prática, talvez ajudasse a diminuir a fome, a miséria e as desigualdades socioeconômicas, presentes no nosso mundo dito civilizado.
(iii) No Natal, comprei dois livros de Erich Fromm: O medo da liberdade e A arte de amar. Este dei de presente à minha namorada; aquele, ao meu amigo.